Este ato preconceituoso e racista do Juiz Titular Eugênio Rosa de Araújo da 17° Vara Federal do Rio de Janeiro, demonstra o quanto a sociedade elitista e o poder público conservador brasileiro armazenam a sua cólera em relação a "verdadeira história" deste país.
Negar o reconhecimento dessa "verdadeira história" da formação do povo brasileiro pós 1500, onde a presença do povo negro em conjunto com os povos originários indígenas e o colonizador europeu formaram as verdadeiras matrizes da nação brasileira, é demostrar mais do que ignorância e sim repugnância ao reconhecimento desta história.
De acordo com Darcy Ribeiro em 'O Povo Brasileiro', a nação brasileira é multicultural e diversa. Esta diversidade gera a miscigenação biológica e cultural que culmina, naturalmente, no surgimento de um fenômeno religioso, professado em todo país reconhecido de maneira geral como "UMBANDA" e "CANDOMBLÉ". Portanto, Umbanda e Candomblé para além de serem religiões, são "tradições religiosas brasileiras", que conservam suas matrizes africanas e indígenas. Por esta razão não alimentam o pensamento da elite dominante racista, intolerante, xenofóbica e hipócrita que ocupam os lugares de poder e decisão deste país e que reproduzem, sempre que podem, a sua ira por fazerem parte de uma país que, a despeito de suas concordância, é sim absolutamente miscigenado e multicultural, de acordo com a sua própria história.
Consideramos lamentável que atos como estes, embora repugnantes, sejam historicamente responsáveis por provocar diretamente as reações dos movimentos perseguidos e não está sendo diferente agora.
Exatamente, por isto, toda a mobilização e união do nosso povo, neste momento, é fundamental para que possamos responder nos espaços públicos que somos do "Saravá" e do "Axé" sim e temos absolutos direitos ancestrais de professarmos nossas tradições religiosas e culturais em nossa própria pátria.
Parabéns ao advogado e também Pai, Marcio de Jagun e a todos os integrantes da AMA - Associação Nacional de Mídia Afro pela denúncia que ofereceram ao Poder Público, contra as desrespeitosas mídias evangélicas. Esta atitude nos possibilitou trazer para o cenário público toda a perseguição que muitas vezes sofremos calados por não sabermos a quem recorrer.
Tenhamos fé e sabedoria para conduzir todos os diálogos neste momento afim de defendermos corretamente aquilo que nos é mais caro, a nossa Fé e o direito de ser respeitado.
Meu Saravá Fraternal de toda família Casa do Perdão,
Mãe Flavia Pinto
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